PENSANDO BEM

                 
Nós cariocas e os paraíbas - 28.10.2014


                  No Rio, há um hábito, não sei desde quando, de se designar "paraíba" ou "paraibada", algo, alguém ou alguma atitude considerados ridículos, cafonas, feios. Percebi que no Nordeste, exceto na terra de Ivete Sangalo, o xingamento é: baiano. Não sei de mais exemplos, mas deve haver outros. Há quem diga que fala "paraíba", sem rancor no peito, sem sequer imaginar a imagem de um paraibano. Eu acredito. Muitas vezes, na herança da palavra, só se herda a repetição. Há de tudo nesta vida.

                   Ocorre que uma atitude nunca é uma coisa só e esta já deveria ter sido expurgada, por relacionar a um povo adjetivos pejorativos. Por se tratar de um preconceito, já havia me dado conta de quanta dor pode provocar esse "hábito". Mas, sinceramente, não havia percebido o tanto de perigo que ele pode representar. Confesso que fiquei muito assustada com as publicações de ódio que li sobre os nordestinos, depois das eleições.

                   Senti como se estivesse no meio de nazistas e ouso dizer que se hoje tivéssemos alguém com a retórica de Hitler, não me estranharia ver essas mesmas pessoas, com os braços para cima, a gritar "Heil". Talvez os baianos fossem os primeiros a ser presos.

                   Claro, não estou dizendo que as publicações contra os nordestinos foram de moradores do Rio, indignados com os resultados das urnas. Estou apenas afirmando que o mau hábito vai à praça, nela a gente nunca sabe quem pode ser enforcado. E, quando se der conta, você pode estar gritando "mata". Então, se a lei da repetição vai de pai para filho, está na hora de perceber que esses nossos "vícios de linguagem" são uma herança podre e aprisionadora, filha de um olhar incapaz de contemplar a beleza da diversidade.

                    O recado vai para todo e qualquer brasileiro que negue a nossa riqueza cultural. A mensagem é para aquele olhar de curto alcance, que necessita de julgamentos para entender melhor o mundo e que, assim, acaba reduzindo a beleza ao redor à mesquinhez de seus pensamentos.
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Louis Vuitton: o couro, o modelo, o crachá ou a pulserinha vip?



             Engraçado observar as voltas da vida. É como se, de cima, a visão fosse de um bichinho correndo atrás do rabo. Eu explico. No metrô, é curioso perceber que muitas mulheres, de chinelos ou sapatilhas, exibem a tiracolo suas Louis Vuitton. Antes, somente algumas conseguiam expor o "distintivo".

              Simples, em busca de um diferencial, lançavam mão de grandes quantias, para aquisição do bem. Um movimento cego, em círculo, já que para escapar do comum, acabavam se padronizando em uma classe. E... se comum vem do que se compartilha, dinheiro jogado fora.

               Bem, acontece que com a pirataria a coisa toda ficou mais louca, confusa e maravilhosa. Mulheres de renda enor pagam na faixa de R$ 300,00 para adquirir algo, na esperança de alcançar uma diferenciação; a de pertencimento à uma classe social "superior" à sua. Enfim, parece que estamos todas procurando a distinção e a "superioridade" do eu, sem entender o que isso, de fato, significa. E acho que o movimento não é só nosso... os homens, também.

            Queremos ser amados, vistos, reconhecidos. A questão é que se o caminho é que se o caminho para isso for "ter", continuaremos agindo como gado, marcados pelos "LVs" da vida. Talvez apostar nas próprias potencialidades e se reinventar sejam boas ideias para nos tornarmos quem somos. E somos únicos, "impiratiáveis". Mas, claro, é só um ponto de vista. 

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