terça-feira, 12 de julho de 2011

Nave




Esse abalo que me desconcentra;
É o apagar de luzes;
Pavor aceso;
Experimento a sensação do laço;
A vertigem da rede.
Queria me desenroscar.
Deitar, no cais, com o rosto pras nuvens;
Manifestar, em versos, a inquietude que perturba as superfícies.
Trago no pulso a potência das touradas;
Nos dedos, uma valsa;
No peito, o anúncio da revoada, pronta pra liberdade.
Esse aviso enche o céu de estrelas;
Rouba a inspiração dos olhos;
Toda a graça das ideias.
Com a visão ainda turva desse éden concentrado,
Sinto a cobiça do encontro entre a Física e o desejo.
A memória quase lúcida dessa condição me esquece.
Sou o peixe no vôo;
O mergulho da ave;
Os ouvidos, na hora da largada;
Pensamento presente,
Cara boba, vivendo no além;

Força abduzida.

2 comentários:

  1. Lindo poema, Dani. Imagens romanticamente voadoras. Versos sensuais que têm a força de fazer bailar as mentes de todos nós. Versos que são sementes mágicas que podem fertilizar a imaginação até dos mais pudicos e castos.

    Meus parabéns por sua linda verve poética.

    Beijos,

    Marcelo Mourão.

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  2. Belíssima construção.
    Sensível, forte. Você em palavras, em poesia pulsante. Viva!
    Lindo. Adorei.
    Parabéns, lindona.
    Beijos.

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