sexta-feira, 18 de março de 2011

Metáforas

O tempo, dizem os sábios, só existe na compreensão humana.

Hoje, quero nada de compreensão e tudo de humano.

Quero só este instante;

É o que há, de fato.

Viver, sem fim, as horas,

Em que, solitariamente, estou contigo.

Sentir, paralisada, o umedecer da planta;

Matar tua sede com sereno;

Levar-te à boca o orvalho desse frio que queima.

Quero ver subir brasa da terra,

Em dia de madrugada de sol;

Quando o peito se agitar em erupção,

Quero te soletrar os ciclones dos meus abalos;

Desprender em redemoinhos as mãos;

Pousar, no teu colo, toda essa ventania;

Postergar a chuva e, ligeira, apertar o passo,

E apertar o passo, apertar, apertar;

Até que todo o céu escureça e desabe;

Inaugurar o teu batismo.

Ser seu rito de passagem.

Estrear teu grito.

E sentada, te ver nascer.


3 comentários:

  1. Meu primeiro contato com textos teus. Gratificante ler e perceber que sentes e dominas as letras que derramas sobre o espaço que dispões. Sigo e pretendo voltar.

    Bj.

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  2. Obrigada, Paulo!! Seja muito bem-vindo!! Volte sempre. É maravilhoso poder dividir meus sentimentos.

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