sexta-feira, 20 de maio de 2011

Carteiro



Só tive que falar de Pablo,

Seguir o teu chamado.

Sim, a poesia é nossa morada, testemunha;

Somos, juntos, o entusiasmo das sementes, solo afora;

Tudo o que existe para a possibilidade.

Consigo, com a força que me toma,

Quase sentir seu toque.

O efeito que me causas arde, no abafar do grito.

Estado de imobilização.

Tremor que cala, suspenso no ar;

Implorar de poros, que te querem tato;

Toda a fome contida na língua.

No sussurro das rosas,

Presas na minha garganta,

Vou longe pra te abraçar.

Espando-me, perco-me, transporto-me.

Reapareço no vermelho do vinho,

Pra te percorrer,

Afrouxar teu riso,

Banhar tecidos,

Inundar as fibras;

Afagar, sutil, os mais esquecidos atalhos.

E ver erguer a glória desse desassossego;

Fazer o álcool inflamar;

Esgotar a água até que tudo vire poça;

Compartilhar fragilidade;

Para só, então, declamar.

Um comentário:

  1. Oi Dani adorei este 'Carteiro', que Pablo Neruda tb te deve agradecer. Belissima prosa poética ou poema branco talvez... só sei que ficou muito belo... muito 'personal'.
    Beijos querida
    Anna

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