quinta-feira, 26 de maio de 2011

Acima

Não quero prosa, nem poesia.

Prefiro a gravidez do verbo;

Parto normal;

A centelha do primeiro sopro.

Na nudez da frase, quero febre;

E um frio, no ponto final.

Corpo presente,

Olhos vidrados,

Alma bailando.

A explosão de um suspiro, no meio da fala;

Costurar meu peito no teu;

E formar constelação.

Se teus ouvidos calarem meu pranto;

Se tua mente materializar meu riso;

Se tua pele sentir esse corte;

Se essa luz te fizer brilhar;

Então, hei de não querer nada mais.

Nem métrica, nem rótulo,

Nem verso, nem rima;

Porque aí, meu bem,

Estaremos bem, bem acima.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Carteiro



Só tive que falar de Pablo,

Seguir o teu chamado.

Sim, a poesia é nossa morada, testemunha;

Somos, juntos, o entusiasmo das sementes, solo afora;

Tudo o que existe para a possibilidade.

Consigo, com a força que me toma,

Quase sentir seu toque.

O efeito que me causas arde, no abafar do grito.

Estado de imobilização.

Tremor que cala, suspenso no ar;

Implorar de poros, que te querem tato;

Toda a fome contida na língua.

No sussurro das rosas,

Presas na minha garganta,

Vou longe pra te abraçar.

Espando-me, perco-me, transporto-me.

Reapareço no vermelho do vinho,

Pra te percorrer,

Afrouxar teu riso,

Banhar tecidos,

Inundar as fibras;

Afagar, sutil, os mais esquecidos atalhos.

E ver erguer a glória desse desassossego;

Fazer o álcool inflamar;

Esgotar a água até que tudo vire poça;

Compartilhar fragilidade;

Para só, então, declamar.

terça-feira, 17 de maio de 2011

24horas

O que há de inteiro;
Intenção,
Insuperável entrega mental.
Os olhos não cessam, não cerram.
Peregrinos das maçãs.
Tens o poder de adivinhar o original;
Saber rumos;
Antecipar pecados.
O dom de me guiar, sem dar comandos;
Trazer clarividência;
De onde aguardo a poesia chegar.
Fertiliza desertos;
Faz surgir água do fogo;
Do frio, sensações atraem.
É teu o mundo que nasce pela fé;
O que expande.
Todos os pontos fora.
É tanto que nem sei;
Que não seja contigo.
Só por hoje.

Tudo o que é demais entope.