domingo, 27 de fevereiro de 2011

Internet


A possibilidade da tua existência me comove;

Revigora minha fé;

Achava-me em sonho;

Nessa imensa teia quântica;

Achava-me só;

Não que agora não me ache;

Mas tenho a companhia da sua mão que desenha;

E, mesmo quando, em delírio, suspeito que a profundidade mora na fantasia,

Sinto o cheiro da tua companhia no ar,

Bem vindo, sussuro, com o timbre que já escutaste;

Tenho a tela;

E, nela, pintamos juntos uma enorme represa de afinidades;

E é tão simétrico que eu não arriscaria nada por isso;

Não arriscaria uma voz, um olhar, nem outro prazer sequer;

Não arriscaria pela curiosidade, porque gosto do gato;

E, se depender de mim, ele sobreviverá ao tempo;

Como eu, do jeito que me deva imaginar;

É o que temos;

Quero-te farto, no que puderes me dar:

Inspiração;

Ofereceço-me farta, no que posso apresentar-te de melhor;

Um “cali-ce” ao luar;

A chuva que molhou meu rosto,

Inunda teus olhos, quiçá

Em te contar tudo o que conta;

Pretensão??

Quero dar-te;

Mais que carne, em dia de gula;

Mais que gesto, em dia de fome;

Mais do que um afago, em noite de solidão;

Nesse mundo de pixels, o suficiente é suficiente;

Sabemos, não porque pactuamos,

Somos nós, a-penas;

Quimeras olhares clonados, ateus, agindo certo, sem intenção.